quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cosme Velho 18

         
          Machado de Assis e Carolina já moravam há alguns anos na rua do Catete, quando o proprietário do imóvel pediu a casa. De uma hora para outra, o casal viu-se novamente obrigado a mudar de residência. Já estavam acostumados àquela moradia pequena, mas aconchegante, com grandes janelas na parte da frente, através das quais os transeuntes podiam ver o escritor e sua esposa conversando na sala. 
          Com a morte de Rodrigo Pereira Felício, a Condessa de São Mamede, Joana Maria, herdara uma bela chácara nas Laranjeiras. Decidiu lotear sua propriedade e mandou construir no terreno quatro chalés, que ela resolveu alugar. Ao saber que Machado de Assis e Carolina estavam procurando uma nova casa, a condessa ofereceu-lhes o seu imóvel. A princípio, Joaquim Maria esteve para recusar a proposta, pois imaginava que não teria condições de arcar com o custo do aluguel naquele bairro elegante, mas Joana Maria afirmou que lhes cobraria a mesma importância que eles pagavam em sua residência anterior. Assim sendo, no início de 1884, o casal mudou-se para a rua do Cosme Velho, 18, onde permaneceria até o final da vida. 
          Era uma ruazinha sossegada, bem ao gosto do escritor. O único inconveniente é que ela ficava um pouco longe do centro da cidade, para onde Machado teria de ir diariamente, tomando o bondinho das “Águas Férreas”. Diante de sua casa, havia um riachinho, ladeado por um pequeno muro de pedra. Era aí que ficava a famosa Bica da Rainha, onde dona Carlota Joaquina costumava vir lavar seu rosto, pois corria pela cidade a lenda de que tais águas tinham certas propriedades miraculosas, capazes de transformar em mulheres belíssimas aquelas que haviam sido pouco ajudadas pela natureza. 





Personagens Principais da obra "Dom Casmurro"



Bento: personagem principal da história, era ciumento, religioso, recluso, calado e metia muitas idéias infantis na cabeça. Gostava de ser ouvido e tinha seus muitos medos. Quando velho, tinha bigodes e era garboso, porém não muito forte, acabou se tornando rancisa, melancólico e “casmurro”.

Capitu: cabelos grossos com duas tranças com fitas atadas a ponta uma a outra descidas pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, como olhos de cigana, obliqua e dissimulada, nariz reto e comprido, boca fina e queixo largo. Suas mãos cheiravam a sabão comum com água normal de poço. Era uma linda garota e tornou-se uma linda mulher. Responsável, inteligente, pegava-se a pensar consigo mesma com facilidade, tinha um caráter forte e chamava bastante atenção. Companheira, romântica, cuidadosa, zelosa e econômica. 

Escobar: rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, os pés, a fala, como tudo. Não falava claramente nem seguido, as mãos não apertavam umas as outras porque os dedos sendo delgados e curtos. O sorriso era instantâneo, sempre meditava algum ponto espiritual tinha braços fortes, olhar curioso e rápido. Era nadador e altura mediana. Inteligente e “amigo”, conseguia penetrar no âmago das pessoas e saber o que se passava com elas. Era 3 anos mais velho que Bento. 

Ezequiel: "Filho" de Bento. Quando pequeno era um imitador, levado e inteligente. Quando moço tornou-se esbelto e com a aparência de Escobar, olhar e tudo o que o outro tinha. Era inteligente e interessado por arqueologia, porém morreu cedo e sem o amor de “pai”

 



Iconografia de Machado de Assis E Carolina Augusta

                                         
                                               

                                                                                                                                                                    

Joaquim Maria Machado De Assis: De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.        

Carolina Augusta Xavier de Novaes Machado de Assis: (Porto, 1835 - Rio de Janeiro, 1904) foi a esposa de Machado de Assis. Portuguesa, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1866 a fim, de cuidar de seu irmão enfermo Faustino Xavier de Novaes (1820-1869), enquanto outros dizem que foi para esquecer uma frustração amorosa. Carolina e Machado se casaram em 12 de novembro de 1869 e viveram uma longa vida conjugal de 35 anos sem grandes perturbações. Culta, quatro anos mais velha e com personalidade estável, Carolina logo encantou Machado. Com idade considerada, na época, avançada para casar, os dois se apressaram e realizaram a cerimônia de casamento no dia 12/11/1869. Unido oficialmente, o casal se mudou para a rua da Lapa. Depois, morou na rua das Laranjeiras e na rua do Catete. Somente em 1884, foi para a casa nº 18 da rua do Cosme Velho, onde ficaria até a morte. O chalé em que Machado e Carolina viveram foi demolido na década de 1930.

Curiosidade: "Sabe-se que o casamento deles foi muito feliz”, conta o escritor e estudioso da vida de Machado, Moacyr Scliar. É realmente ponto pacífico entre os especialistas o forte companheirismo dos dois, que não tiveram filhos. Conta-se que Carolina influenciou até na vida literária do marido. “Dizem que ela corrigia os textos dele e contribuiu na transição do romantismo para o realismo”, diz Scliar.

Biografia

     Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentara o autodidata Machado de Assis. 
      De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando. Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo. 
    Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre.  Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor. Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor.  
     No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais. Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com    Carolina Augusta Xavier de Novais. 
   Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um  casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.



                                                         

Realismo-Naturalismo


Realismo - O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas ultimas décadas e do seculo XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao romantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural chamado realismo predominou a França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais. OBS: O realismo brasileiro é completamente diferente do europeu.

Características do Realismo: Objetivismo; narrativa lenta; uso de adjetivos realistas; linguagem direta; demonstração dos defeitos e detalhes da mulher; subordinação do amor aos interesses sociais, heróis são mostrados como pessoas comuns, com defeitos, incertezas e manias; personagens com elaboração psicológica trabalhada; universalismo.

Principais Autores e Obras do Realismo: 
  • Joaquim Maria Machado de Assis - Memorias Póstumas de Brás Cubas; Quincas Borbas; Dom Casmurro; Alienista; A cartomante; Missa do Galo; Historias da meia-noite; Papeis Avulsos.
  • Aluísio Azevedo - Mistérios de Tijuca; Memórias de um Condenado; A Condessa Vésper; Filomena Borger; O Esqueleto; A Mortalha de Alzira.
  • Raul Pompéia: O Ateneu; As Joias da Coroa; Agonia (inacabado); Microscópicos (contos).
  • Artur de Azevedo: Contos fora da moda; Contos efêmeros; Contos em Verso; Vida Alheia, contos; O Oráculo; Teatro; Sonetos; Uma véspera de reis (teatro).
  • Adolfo Caminha: A Normalista; O Bom Crioulo; No País dos Ianques; Cartas Literárias; Ângelo (romance inacabado); O Emigrado (romance inacabado).
  • Domingos Olímpio: Luzia-Homem.
  • Inglês de Souza: O Missionário.
  • França Junior: As Doutoras.


Naturalismo - O naturalismo é uma escola literária conhecida por ser a radicalização do realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiencia, mostrando que o individuo é determinado pelo ambiente e hereditariedade. A escola esboçou o que se pode declarar como os primeiros passos do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin. O naturalismo como forma de conceber o universo constitui um dos pilares da ciência moderna, sendo alvo de considerações também de ordem filosófica. OBS: Os naturalistas acreditavam que o individuo é um mero produto da hereditariedade e o seu comportamento é fruto da educação e do meio em que vive e dobre qual age. Abordagem extremamente aberta do sexo e uso da linguagem falada, o dialogo vivo é extremamente verdadeiro que na época de sua criação foi considerado inovador.

Características do Naturalismo: Realismo exagerado; linguagem simples; harmonia e clareza na composição; uso do regionalismo; descrição de narrativas lentas; demonstração de detalhes; impessoalidade; ser humano é mostrado como animal; sensualidade; objetivismo cientifico; determinismo; engajamento social.

Principais Autores e Obras do Naturalismo: 
Estrangeiros:
  • Émile Zola: Germinal; Como se casa, Como se morre; O paraíso das damas; J'accuse a verdade em marcha; A besta humana.
  •  Thomas Hardy: A bem-amada e Judas, o obscuro.
  • Giovane Varga: Los Malavoglia
Brasileiros:
  • Aluísio de Azevedo: O Mulato e O Cortiço.
  • Adolfo Caminha Bom Crioulo.
  • Inglês de Souza: Contos Amazônicos e O Missionário.
  • Raul Pompéia: O Ateneu.
  • Adherbal de Carvalho: A Noiva.